Dr. Paulo de Tárcio e esposa no Jantar Beneficente, em 2011 |
A
História do Hospital Evangélico de Rio Verde (Hospital Presbiteriano Dr.
Gordon) é uma história muito bonita, e cada dia podemos ver a sua atuação na vida de pessoas que aqui chegam em busca de
cura de suas enfermidades, e que saem
restauradas, alegres e satisfeitas por terem vencido a circunstancia desagradável pela qual passavam. É o paciente,
criança ou adulto, que chega pela Emergência, pela Recepção do Hospital em
casos eletivos, pelos atendimentos em consultórios, pelos diagnósticos firmados
no laboratório, pelas imagens do mal acometido percebida na Radiologia, na
Tomografia Computadorizada, na Ultra-sonografia, pela Radiologia Intervencionista
aliviando males agudos e abruptos que levariam o paciente ao óbito em pouco
tempo. É o carente oriundo do Serviço Social, da Casa Helena Gordon e que
recebe o seu tratamento sem ônus. É uma
história de lutas e de vitórias. Podemos dizer, sem possibilidade de errar que
milagres acontecem neste Hospital diariamente. Milagres onde Deus usa a
capacidade do médico em diagnosticar, a sua intervenção clínica ou cirúrgica no
caso, a atuação da enfermagem, da Fisioterapia e em pouco tempo a vitória se
faz presente.
A história do Hospital começou no coração
de Deus, que chamou um casal para implantar um serviço missionário de assistência
médica, de enfermagem e hospitalar em algum lugar da América Latina na década
de 30, no século passado. Dr. Gordon e D. Helena poderiam ter escolhido o Peru,
país por onde passaram, o Estado de São Paulo, onde estudaram a língua ou o
Estado da Bahia, onde o Dr. Gordon fez a
sua revalidação do diploma de médico,
mas alguma coisa tocou o seu coração e de D. Helena ao ouvirem falar de Goiás e em particular de
Rio Verde. Aqui chegaram, enviados pela Missão Presbiteriana do Brasil Central
e começaram a gastar as suas vidas. Consultório, Casa de Saúde, Hospital
Evangélico, Escola de Enfermagem, Escola Bíblica em sua casa, Igreja
Presbiteriana e dedicação a toda prova na assistência aos rioverdenses. Aos poucos foi trazendo
outros colegas médicos para trabalharem com ele. A maioria permanecia por pouco tempo e logo iam para
outros locais. Ganho insuficiente e oportunidades melhores em outras cidades
eram as motivações para saírem. Alguns, porém, ficavam mais tempo.
Um destes foi Calos Marques Patrício, também
vocacionado para um trabalho missionário, que aqui trabalhou por muitos anos
com o Dr. Gordon e a este veio a suceder na condução do Hospital até próximo
dos anos 70, do século passado. Dr. Gordon trabalhou por 25 anos em Rio Verde e Dr. Carlos,
por 16 anos. Toda a condução da vida hospitalar e da Escola de Enfermagem (que
contava com internato) estava sobre os seus ombros e de D.
Helena. A Missão era a mantenedora do
Hospital, mas nem sempre dispunha de recursos suficientes para evitar pequenas
crises financeiras na instituição, notadamente quando o casal Gordon ia para
suas férias de 1 ano, a cada 4 anos, nos Estados Unidos. Em uma dessas oportunidades Dr. Carlos trouxe
o Dr. Suahil Rahal, que estava em Mineiros, e que já havia trabalhado em Rio Verde, para ajudá-lo
com a situação financeira do Hospital. Período difícil, em que até as gases
eram lavadas, dobradas, esterilizadas e
reaproveitadas no Hospital. As crises
não são novidades na vida do
Hospital. Como eu disse no início, a
história do hospital é uma história de lutas.
Eu rotularia a fase encerrada com a saída do
Dr. Carlos Patrício como a Fase Missionária e de Implantação do Hospital
Evangélico e da Escola de Enfermagem Cruzeiro do Sul, que se tornaram entidades
referenciais, de repercussão estadual e nacional. Até esta época, não existiam Planos de Saúde e
a Previdência Oficial engatinhava. O paciente era Particular (quando podia
pagar o todo ou parte da despesa hospitalar) ou SNR (Serviço não
remunerado). Usava-se a famosa caderneta
de anotação de débitos e créditos. Fazendeiros pagavam as suas contas e dos
seus agregados, anualmente, na venda da lavoura ou do gado.
Após ampliar o espaço físico do Hospital
até onde hoje se situa o Posto 2, Dr. Carlos Patrício passou o bastão da condução
do Hospital ao Dr. Benjamin Spadoni, e se transferiu para Rio Claro –SP.
Cirurgião por excelência, o Dr. Benjamin
logo viu a necessidade de melhorar o Centro Cirúrgico do Hospital, que hoje
honradamente leva o seu nome. Em Janeiro de 1970, inaugura o novo Centro
Cirúrgico do Hospital, que até hoje, com algumas modificações, ainda serve ao
Hospital.
Com a direção do Dr. Benjamin o Hospital entrou
em sua segunda fase, a de Ampliação, premido
pelo aumento da procura de serviços do Hospital.
Com visão, Dr. Benjamin deu oportunidade a mais
profissionais médicos, para com ele dividirem a tarefa de conduzir o Hospital.
Os primeiros convocados foram o Dr. José Marques Ferreira e eu, Paulo de Tarcio. Cada ano um estava à
frente do Hospital.
Anos
depois outros médicos foram sendo convocados pelo Conselho Deliberativo para
participarem da Direção do Hospital : Dr. Moisés, Dr. Francisco, Dr. Silvio,
Dra. Lídia, Dr. Lourenço, Dr. André,
Dra. Beatriz, Dr. Richard e atualmente o Dr. Osvaldo Fonseca.
Contávamos
na época (década de 90) com um Administrador e empreendedor, Dr.Vanderval Lima
Ferreira, com atuação destacada nesta fase de ampliação do Hospital, levando a
área hospitalar do atual posto 2 , até a edificação onde hoje abriga o Pronto-Socorro, Obstetrícia, Clinica
Médica e Cirúrgica, Unidade de Pediatria
(montada e inaugurada em Setembro de
1974), a entrada e administração do
Hospital. Além disso, construiu-se o bloco de consultórios com frente para a Rua Abel Pereira de Castro.
No
ano de 1989, Dr. Benjamin fez a reforma de um antigo isolamento e enfermarias,
transformando este espaço na Unidadede Tarapia Intensiva.
Com a alta inflacionária de 1988 a 1990, final do
Governo Sarney, o Hospital teve a sua força financeira corroída. Atendíamos,
nessa ocasião cerca de 625 AIH (Autorização de Internação Hospitalar) pelo
Inamps, hoje SUS. O INAMPS passou a ser o grande comprador de serviços do
Hospital. Pagava com relativo atraso e
quando o Hospital recebia o dinheiro não dava mais para comprar os medicamentos
e os materiais empregados no tratamento daquele paciente. A inflação corroia
tudo. Vimos o prenúncio de fechamento do Hospital em questão de poucos dias.
Não tínhamos crédito na praça, os fornecedores se negavam a vender, estoque
quase zerando e a ajuda do poder público não existia.. Até pedido de doação de
carnes de segunda ao frigorífico local tivemos que fazer para alimentar os doentes. A salvação veio da noite para o dia, com o
decreto do Presidente Collor de Mello, confiscando a Poupança e o dinheiro
existente em contas-correntes nos Bancos. Toda empresa e pessoa física passaram
a ter direito a movimentar apenas uma pequena quantia da que existia nos bancos.
Junto a este decreto veio uma abertura, proporcionando às Entidades
Filantrópicas a possibilidade de receberem doação de dinheiro confiscado em
poupança ou Conta-corrente. Nessa
ocasião cada médico do Hospital, numa atitude honrosa, doou uma importância,
que veio aliviar a situação pré-falimentar do Hospital. Enxugou-se a folha de
pagamento, houve maior rigor com cobrança de serviços prestados e o Hospital
pôde respirar mais aliviado. Alguns meses depois uma Auditoria do Banco Central
veio ao Hospital verificar se os recursos oriundos da liberação da parte
confiscada ficaram na entidade e não foi usada para que a entidade funcionasse
como empresa de lavagem de dinheiro. Atestaram que, das entidades visitadas,
apenas o nosso Hospital não usou o mecanismo de liberação para lavagem de
dinheiro.
O fim da era inflacionária proporcionou ao
Hospital planejar melhor os seus serviços prestados.
A
partir de 1992, o Hospital entra na sua terceira fase, que assim chamo de Empresarial,
com Administração Colegiada. As
decisões são tomadas pelo Conselho Deliberativo e administradores por ele
nomeados. Muda a realidade da assistência médica no Município. Começa a existir os planos de saúde locais (Unimed
e Cram, hoje São Francisco Saúde), o SUS se informatiza, o Ipasgo se amplia,
surge o Iparv, além de outros planos (Cassi, Funcef, Bradesco, Correios, etc.),
o Estado e o Município passam mais a investir em saúde, com Hospitais
Municipais, Postos de saúde, Conselho Municipal de Saúde, atuação em medicina
preventiva e atenção básica à saúde. Esta fase continua até os nossos dias.
A luta agora é diária, tentando manter a
vocação filantrópica do hospital e a geração de recursos para que isso se faça.
O Conselho Deliberativo traça a condução
da vida do hospital, hoje auxiliado pela Igreja Presbiteriana do Brasil, que atualmente
é a entidade mantenedora e proprietária do Hospital.
Aos colegas médicos que prestam serviços no
Hospital, ao pessoal de enfermagem, fisioterapeutas, aos colaboradores da Administração,
do Conselho Deliberativo, dos serviços de manutenção e apoio, Secretárias dos
consultórios, colaboradores da lavanderia, cozinha, laboratório e serviços
diagnósticos, a nossa homenagem e a palavra de apreciação ao trabalho que cada um executa , e que faz
parte deste todo, que tem o propósito de
mostrar a presença do Reino de Deus entre nós.
Não temos
dúvidas quanto ao propósito de Deus para esta entidade. Deus ama esta obra e quer vê-la mostrando
sinais do seu Reino entre nós, curando o físico e o espiritual das pessoas que
por aqui passam, coisas impossíveis de mensuração em valores, mas que trazem em si um valor eterno e uma Glória que
deve ser atribuída aquele que é o fator maior desta obra : O NOSSO DEUS!!!
A Ele eu agradeço estar participando,
juntamente com minha esposa, por 42 anos da história deste Hospital.
Dr.
Paulo de Tarcio Álvares
Comemoração
dos 75 anos do HERV
27/09/2012
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