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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

História do HPDG contada pelo Dr. Paulo de Tárcio

Dr. Paulo de Tárcio e esposa no Jantar Beneficente, em 2011

A História do Hospital Evangélico de Rio Verde (Hospital Presbiteriano Dr. Gordon) é uma história muito bonita, e cada dia podemos ver  a sua atuação  na vida de pessoas que aqui chegam em busca de  cura de suas enfermidades, e que saem restauradas, alegres e satisfeitas por terem vencido a circunstancia  desagradável pela qual passavam. É o paciente, criança ou adulto, que chega pela Emergência, pela Recepção do Hospital em casos eletivos, pelos atendimentos em consultórios, pelos diagnósticos firmados no laboratório, pelas imagens do mal acometido percebida na Radiologia, na Tomografia Computadorizada, na Ultra-sonografia, pela Radiologia Intervencionista aliviando males agudos e abruptos que levariam o paciente ao óbito em pouco tempo. É o carente oriundo do Serviço Social, da Casa Helena Gordon e que recebe o seu tratamento sem ônus.  É uma história de lutas e de vitórias. Podemos dizer, sem possibilidade de errar que milagres acontecem neste Hospital diariamente. Milagres onde Deus usa a capacidade do médico em diagnosticar, a sua intervenção clínica ou cirúrgica no caso, a atuação da enfermagem, da Fisioterapia e em pouco tempo a vitória se faz presente.   
    A história do Hospital começou no coração de Deus, que chamou um casal para implantar um serviço missionário de assistência médica, de enfermagem e hospitalar em algum lugar da América Latina na década de 30, no século passado. Dr. Gordon e D. Helena poderiam ter escolhido o Peru, país por onde passaram, o Estado de São Paulo, onde estudaram a língua ou o Estado da Bahia, onde  o Dr. Gordon fez a sua revalidação  do diploma de médico, mas alguma coisa tocou o seu coração e de D. Helena  ao ouvirem falar de Goiás e em particular de Rio Verde. Aqui chegaram, enviados pela Missão Presbiteriana do Brasil Central e começaram a gastar as suas vidas. Consultório, Casa de Saúde, Hospital Evangélico, Escola de Enfermagem, Escola Bíblica em sua casa, Igreja Presbiteriana e dedicação a toda prova na assistência  aos rioverdenses. Aos poucos foi trazendo outros colegas médicos para trabalharem com ele. A maioria  permanecia por pouco tempo e logo iam para outros locais. Ganho insuficiente e oportunidades melhores em outras cidades eram as motivações para saírem. Alguns, porém, ficavam mais tempo.
   Um destes foi Calos Marques Patrício, também vocacionado para um trabalho missionário, que aqui trabalhou por muitos anos com o Dr. Gordon e a este veio a suceder na condução do Hospital até próximo dos anos 70, do século passado. Dr. Gordon trabalhou por 25 anos em Rio Verde e Dr. Carlos, por 16 anos. Toda a condução da vida hospitalar e da Escola de Enfermagem (que contava com  internato)  estava sobre os seus ombros e de D. Helena.  A Missão era a mantenedora do Hospital, mas nem sempre dispunha de recursos suficientes para evitar pequenas crises financeiras na instituição, notadamente quando o casal Gordon ia para suas férias de 1 ano, a cada 4 anos, nos Estados Unidos.  Em uma dessas oportunidades Dr. Carlos trouxe o Dr. Suahil Rahal, que estava em Mineiros, e que já havia trabalhado em Rio Verde, para ajudá-lo com a situação financeira do Hospital. Período difícil, em que até as gases eram lavadas, dobradas, esterilizadas e  reaproveitadas no Hospital.  As crises não são novidades  na vida do Hospital.  Como eu disse no início, a história do hospital é uma história de lutas.
  Eu rotularia a fase encerrada com a saída do Dr. Carlos Patrício como a Fase Missionária e de Implantação do Hospital Evangélico e da Escola de Enfermagem Cruzeiro do Sul, que se tornaram entidades referenciais, de repercussão estadual e nacional.  Até esta época, não existiam Planos de Saúde e a Previdência Oficial engatinhava. O paciente era Particular (quando podia pagar o todo ou parte da despesa hospitalar) ou SNR (Serviço não remunerado).  Usava-se a famosa caderneta de anotação de débitos e créditos. Fazendeiros pagavam as suas contas e dos seus agregados, anualmente, na venda da lavoura ou do gado.
    Após ampliar o espaço físico do Hospital até onde hoje se situa o Posto 2,   Dr.  Carlos Patrício passou o bastão da condução do Hospital ao Dr. Benjamin Spadoni, e se transferiu para Rio Claro –SP.
    Cirurgião por excelência, o Dr. Benjamin logo viu a necessidade de melhorar o Centro Cirúrgico do Hospital, que hoje honradamente leva o seu nome. Em Janeiro de 1970, inaugura o novo Centro Cirúrgico do Hospital, que até hoje, com algumas modificações, ainda serve ao Hospital.
   Com a direção do Dr. Benjamin o Hospital entrou em sua segunda fase, a  de Ampliação, premido pelo  aumento  da  procura de serviços do Hospital.
   Com visão, Dr. Benjamin deu oportunidade a mais profissionais médicos, para com ele dividirem a tarefa de conduzir o Hospital. Os primeiros convocados foram o Dr. José Marques Ferreira  e eu, Paulo de Tarcio. Cada ano um estava à frente do Hospital.
Anos depois outros médicos foram sendo convocados pelo Conselho Deliberativo para participarem da Direção do Hospital : Dr. Moisés, Dr. Francisco, Dr. Silvio, Dra. Lídia, Dr. Lourenço, Dr. André,  Dra. Beatriz, Dr. Richard e atualmente o Dr. Osvaldo Fonseca.
Contávamos na época (década de 90) com um Administrador e empreendedor, Dr.Vanderval Lima Ferreira, com atuação destacada nesta fase de ampliação do Hospital, levando a área hospitalar do atual posto 2 , até a edificação onde hoje  abriga o Pronto-Socorro, Obstetrícia, Clinica Médica e Cirúrgica,  Unidade de Pediatria  (montada e inaugurada em Setembro de 1974), a entrada e  administração do Hospital. Além disso, construiu-se o bloco de consultórios com frente para a  Rua Abel Pereira de Castro.
No ano de 1989, Dr. Benjamin fez a reforma de um antigo isolamento e enfermarias, transformando este espaço na Unidadede Tarapia Intensiva.

   Com a alta inflacionária de 1988 a 1990, final do Governo Sarney, o Hospital teve a sua força financeira corroída. Atendíamos, nessa ocasião cerca de 625  AIH  (Autorização de Internação Hospitalar) pelo Inamps, hoje SUS. O INAMPS passou a ser o grande comprador de serviços do Hospital.  Pagava com relativo atraso e quando o Hospital recebia o dinheiro não dava mais para comprar os medicamentos e os materiais empregados no tratamento daquele paciente. A inflação corroia tudo. Vimos o prenúncio de fechamento do Hospital em questão de poucos dias. Não tínhamos crédito na praça, os fornecedores se negavam a vender, estoque quase zerando e a ajuda do poder público não existia.. Até pedido de doação de carnes de segunda ao frigorífico local tivemos que fazer para alimentar os doentes.  A salvação veio da noite para o dia, com o decreto do Presidente Collor de Mello, confiscando a Poupança e o dinheiro existente em contas-correntes nos Bancos. Toda empresa e pessoa física passaram a ter direito a movimentar apenas uma pequena quantia da que existia nos bancos. Junto a este decreto veio uma abertura, proporcionando às Entidades Filantrópicas a possibilidade de receberem doação de dinheiro confiscado em poupança ou Conta-corrente.  Nessa ocasião cada médico do Hospital, numa atitude honrosa, doou uma importância, que veio aliviar a situação pré-falimentar do Hospital. Enxugou-se a folha de pagamento, houve maior rigor com cobrança de serviços prestados e o Hospital pôde respirar mais aliviado. Alguns meses depois uma Auditoria do Banco Central veio ao Hospital verificar se os recursos oriundos da liberação da parte confiscada ficaram na entidade e não foi usada para que a entidade funcionasse como empresa de lavagem de dinheiro. Atestaram que, das entidades visitadas, apenas o nosso Hospital não usou o mecanismo de liberação para lavagem de dinheiro. 
   O fim da era inflacionária proporcionou ao Hospital planejar melhor os seus serviços prestados.

A partir de 1992, o Hospital entra na sua terceira fase, que assim chamo de  Empresarial,  com Administração Colegiada.  As decisões são tomadas pelo Conselho Deliberativo e administradores por ele nomeados. Muda a realidade da assistência médica no Município.  Começa a existir os planos de saúde locais (Unimed e Cram, hoje São Francisco Saúde), o SUS se informatiza, o Ipasgo se amplia, surge o Iparv, além de outros planos (Cassi, Funcef, Bradesco, Correios, etc.), o Estado e o Município passam mais a investir em saúde, com Hospitais Municipais, Postos de saúde, Conselho Municipal de Saúde, atuação em medicina preventiva e atenção básica à saúde. Esta fase continua até os nossos dias.
   A luta agora é diária, tentando manter a vocação filantrópica do hospital e a geração de recursos para que isso se faça.  O Conselho Deliberativo traça a condução da vida do hospital, hoje auxiliado pela Igreja Presbiteriana do Brasil, que atualmente é a entidade mantenedora e proprietária do Hospital. 
  Aos colegas médicos que prestam serviços no Hospital, ao pessoal de enfermagem, fisioterapeutas, aos colaboradores da Administração, do Conselho Deliberativo, dos serviços de manutenção e apoio, Secretárias dos consultórios, colaboradores da lavanderia, cozinha, laboratório e serviços diagnósticos, a nossa homenagem e a palavra de apreciação ao  trabalho que cada um executa , e que faz parte deste todo, que  tem o propósito de mostrar a presença do Reino de Deus entre nós.
   Não temos dúvidas quanto ao propósito de Deus para esta entidade.  Deus ama esta obra e quer vê-la mostrando sinais do seu Reino entre nós, curando o físico e o espiritual das pessoas que por aqui passam, coisas impossíveis de mensuração em valores, mas que  trazem em si um valor eterno e uma Glória que deve ser atribuída aquele que é o fator maior desta obra : O NOSSO DEUS!!!
   A Ele eu agradeço estar participando, juntamente com minha esposa, por 42 anos da história deste Hospital.
 
Dr. Paulo de Tarcio Álvares
Comemoração dos 75 anos do HERV
27/09/2012

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